“Bien
Vivir es, probablemente, la formulación más antigua en la resistencia indígena
contra la Colonialidad del Poder”. (Aníbal Quijano)
No momento em que o mundo parece submergir,
definitivamente, à barbárie de uma civilização dita moderna, em que todos os
Estados se encontram subordinados ao capital financeiro internacional
acendeu-se, por iniciativa dos povos tradicionais andinos uma palavra de
esperança e de luz na busca da resistência e da tolerância entre civilizações
marcadas pelo ódio. Este chamamento à sobrevivência dos oprimidos tem um nome:
Bem-viver.
Bem-viver quer dizer acima de tudo a
possibilidade da vida fora dos parâmetros do “bem-estar” proclamados pela
modernidade ocidental eurocêntrica e capitalista, ou seja, fora da lógica da
colonialidade.
Seguindo a trajetória do Quintas Urbanas no
seminário de 2013 alertávamos sobre as várias expressões da barbárie; em 2014
sobre a crise da democracia e as novas investidas de criminalização dos
movimentos sociais; agora alertamos para o risco da sobrevivência da espécie
humana se não mudarmos o conceito de uma vida em comum e com a natureza em
busca de um futuro. A vida corre perigo!
Para este ano o Quintas Urbanas da UnB tem a
honra de trazer ao público em geral, e a seus estudantes dos campi universitários e pólos de Ensino a
Distância, as diferentes perspectivas latino-americanas (Bolívia, Brasil, Cuba
e Equador) sobre o significado histórico da luta dos povos pelo bem-viver.
Entendemos ser este um momento de crise estrutural do capital que se
caracteriza pelo acirramento das expressões de perda de direitos humanos,
sociais e políticos, principalmente em relação aos povos indígenas nos quatro
cantos do mundo.
Destacaremos algumas das expressões
imperialistas e neocolonialistas mais evidentes. Propomos cinco mesas com a
presença de convidados conferencistas e comentadores de renome internacional.
Entendemos que falar de bem-viver como esperança só é possível quando
identificamos seu contrário e antagônico que é o capital, sobretudo o
financeiro na sua sanha de mais poder via subordinação dos Estados nacionais. Na
terra o anti-bem-viver se manifesta no agronegócio; no ar pelas ondas digitais
e analógicas de comunicação como agentes de reprodução da ideologia dominante;
na água sob o interesse do hidronegócio e ainda, na forma do fogo destrutivo
proporcionado pelo uso das armas cada vez mais letais produzidas por uma
indústria bélica de alta tecnologia para matança generalizada.
Este seminário vai na contramão do senso
comum e da propaganda enganosa que admite a compatibilidade entre a manutenção
existencial dos povos indígenas na sua filosofia do bem-viver com o aumento
incontrolável das pressões pela desterritorialização desses povos e a liberação
de recursos naturais ao mercado internacional de commodities.
Conclamamos a todos os povos do mundo. Uni-vos!
Em prol de uma nova fraternidade em coexistência com a natureza por meio da essencial denúncia e do grito de esperança
contido no conceito de bem-viver dos povos andinos contra o imperialismo.
Compartilhamos essa idéia de que outro mundo é possível e essa chama acesa na
América Latina muito antes das primeiras caravelas, poderá se espalhar, via
internet, para todos homens e mulheres de todas as nações em busca de uma outra
forma de organização social não submetida à ordem do capital.
Fonte: Quintas Urbanas
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